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Reflexão e discussão sobre as duas modalidades de interpretação: simultânea e consecutiva

A interpretação ainda é um serviço pouco compreendido por quem não a exerce como profissional. Aqui, pretendo tentar explorar as características das duas modalidades principais e compará-las, avaliando suas vantagens e inconvenientes. O objetivo é proporcionar uma visão aprofundada a contratantes que queiram compreeender as especificidades de cada serviço e incentivar colegas a debater o assunto.

Uma primeira descrição técnica das modalidades de interpretação simultânea e interpretação consecutiva pode ser encontra aqui.

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As diferenças existentes no plano técnico resultam em diferenças que vou tentar categorizar aqui:

1) Custo:

Em regra geral, admite-se que a interpretação consecutiva tem um custo menor, por vários motivos: por que há muito menos aluguel de equipamento envolvido; por que há mais intérpretes que aceitam trabalhar mais do que 1h30 sozinhos (ao invés de duplas) em consecutiva do que em simultânea; por que a negociação prescinde melhor da participação de uma agência (que soma seu lucro ao custo do profissional); por ser menor a dependência por equipamento; por que é com freqüência exercida em jornada que combina uma série de outras técnicas (chuchotage, acompanhamento, etc.) que são tradicionalmente menos pagas, o que propicia uma negociação a menor; porque todas as representações promovidas por entidades profissionais (APIC, AIIC, Abrates,…) enfatizam o intérprete “de conferência”, que atua em simultânea, o que dá a estes mais poder de negociação através destes instrumentos.

Eu acho que o custo bem menor da consecutiva é um ponto difícil de contestar, por mais que se pondere elementos como os que vou evocar mais adiante. O fator equipamento por si só já determina essa diferença significativa de custo.

Esta diferença parece estar refletida nas referências existentes na matéria. A Lista de Valores de Referência praticados publicada pelo Sintra (Sindicato Nacional dos Tradutores) em seu site reproduz essa variação. Trabalhando sozinho, um intérprete de simultânea ganha R$ 1500,00 (nas bases Brasília/SP/RJ) em uma hora enquanto que o de consecutiva trabalha o dobro do tempo para ganhar o mesmo valor. Para um evento de 2 horas, um contratante já terá que mobilizar 2 intérpretes de simultânea, investindo, só com os profissionais (e fora equipamento), um total de (2x R$ 1200,00 =) R$ 2400,00, contra R$ 1500,00 para um único intérprete de consecutiva para as mesmas duas horas.

(caso não consiga acessar a tabela através do link fornecido acima, baixe aqui uma versão .pdf desta lista em sua versão do 11/06/2010).

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2) Preferência:

A grande maioria de intérpretes que atua em ambas as modalidades prefere amplamente trabalhar em simultânea. Isto se deve a vários fatores, no meu ver: a exposição gerada pela situação de consecutiva; o esforço adicional de planejamento mental daquilo que o intérprete deverá falar, quando for sua vez; a maior dificuldade de negociação de tarifas e condições almejadas (cf. ponto 1 acima); as condições nada ideais de trabalho que podem obrigar o profissional a se prejudicar, por exemplo, forçando a voz, ou estando visível quand comete um erro; o contingente significativamente menor de profissionais e cursos capazes de formar e avaliar intérpretes que desejam investir na consecutiva, ou seja, a expectativa muito menor de progressão de carreira, salvo talento próprio; e a demanda menor por esta modalidade de serviço, que não parece proporcionar aos profissionais constância de rendimentos equiparável com a da simultânea.

O primeiro dos fatores que evoquei, a exposição, é extremamente impositivo. Apesar das aparências, o fato de poder estar em uma cabine, e não sentado diretamente ao lado do orador, de não ter uma audiência que o observa quando realiza seu trabalho, é psicologicamente reconfortante e propicia uma tranquilidade que inexiste no caso da consecutiva. E isso afeta obviamente a qualidade do trabalho. O que quero dizer é que um contratante deve pesar a perda de qualidade que resulta da maior exposição do profissional quando considera contratá-lo em consecutiva e avaliar se a economia realizada compensa este prejuízo qualitativo.

Do lado dos contratantes, a preferência já é mais variada, primeiramente pelo óbvio motivo de poder realizar economias (cf. ponto 1). Há quem prefira a consecutiva em reuniões de mesa (5-10 pessoas) ou situações que dependam de certa mobilidade (evidentemente, a cabine de simultânea não pode se mover … mas atualmente o equipamento móvel de simultânea têm permitido contornar esse problema, cf. abaixo); por fim, há pessoas que se acostumaram ao longo de suas vidas a falar com intérprete consecutivo ao seu lado (e isso influi a oração na forma de formular idéias, fazer pausas e montar os blocos e posicionar os cortes) e hoje só conseguem funcionar assim. Na prática, a possibilidade de economia me parece claramente mais influente.

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3) Qualidade:

Obviamente, os defensores da simultânea advogam que esta possibilita tem uma qualidade muito superior à do texto restituído em consecutiva. Acredito ser uma visão (ou afirmação) apressada.

Na verdade, eu separaria sentenças que não precisam de grandes re-redações na língua de destino, certamente mais bem atendidas pela simultânea, e sentenças que requerem uma reformulação completa, algo que é bem mais viável na consecutiva (enquanto o intérprete toma notas, ele coleta o que precisa, mas o expressa da forma que julgar mais natural no idioma de destino (não ficando refém de estruturas de frase). Ocorre que no plano da oralidade, a segunda é estatisticamente mais rara. Outrossim, se o orador é ruim (isto é, se expressa mal), a simultânea, por ser mais imediata, pode sofrer mais prejuízos (isto porque o tempo de que o intérprete dispõe para compreender o que a pessoa está dizendo -e transformá-lo em BOA oração correspondente no idioma de destino– é menor).

É importante considerar que as maiores possibilidades de reformulação proporcionadas pela consecutiva que aventei aqui só têm valor se o profissional for um redator e profissional excepcional –senão esquece tudo o que eu disse.

Em conclusão sobre este ponto, acredito quanto a mim que em tese cada modalidade tem sua aplicação ideal, dificilmente antecipáveis, já que não sabemos se o orador se expressa bem, se ele saberá fazer pausas no seu raciocínio para permitir o trabalho do intérprete de consecutiva, etc. Estatisticamente, tais aplicações são bem menos frequentes no caso da consecutiva. De qualquer forma o contratante tem que pesar entre economia realizada e prejuizo na qualidade e se assegurar de que será atendido por um profissional especializado e excelente. Senão está jogando dinheiro fora e isso não é economia.

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4) Tempo:

Parece óbvio, mas poucos pensam nas reais implicações disto: a consecutiva simplesmente duplica o tempo necessário para que uma conversa ou reunião ocorra. Uma reunião de 40 minutos que conta com interpretação consecutiva deve durar 1h20 se for realizada em consecutiva. Além da pura disponibilidade de tempo, é preciso pensar no orador e na audiência, para quem esta duplicação na duração da fala pode ser cansativa e desanimadora. Claramente, esta dilatação temporal desnaturaliza a experiência do orador e da audiência, aumentando o potencial de perdas de conteúdo e reduzindo as chances de que tais perdas sejam ao menos percebidas.

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5) Novas tecnologias e técnicas:

A médio e longo prazo, o surgimento do equipamento de interpretação simultânea portátil pode tornar a consecutiva obsoleta em muitas situações nas quais sempre fora considerada a melhor opção. Com esta ferramenta recente, hoje um  intérprete pode se deslocar com um grupo de pessoas bem maior do que aquele que pode ser atendido por uma consecutiva realizada a viva voz, garantindo uma audição ideal para todos, uma liberdade de movimentos e deslocamentos e uma simultaneidade da interpretação. Tornou-se a modalidade adotada em visitas de campo, em desfavor de qualquer outra, por sua versatilidade e adequação à configuração deste tipo de situação.

Cada vez mais, em reuniões de gabinete e escritórios, a tradição de consecutiva vem caindo em favor de uma modalidade que considero uma combinação de simultânea com chuchotage. O exemplo típico é o da visita de uma delegação estrangeira (falantes do idioma A) ao gabinete de um parlamentar ou escritório de um representante brasileiro (um único falante do idioma B). A técnica consiste em se posicionar ao lado deste único falante do idioma B e falar a viva voz ao mesmo tempo que ele para a sala; quando algum falante do idioma A se dirije a ele, o intérprete murmura a tradução (chuchotage) para este único falante do idioma B. O resultado é uma fluidez inalcançável em consecutiva, equiparável à de uma discussão monolíngue. Claro, isto é viável na medida em que a sala seja de pequeno porte (alcance da voz), que o intérprete possa sempre estar ao lado do falante do idioma B e que este seja capaz de manter sua fala apesar de ter que coexistir com a voz do intérprete (que está interpretando ao mesmo tempo, ao seu lado).

O uso de computador (laptop) facilitou um elemento importante da consecutiva que é a questão de tomada de notas (enquanto o orador está falando). Na minha experiência, isso permitiu intervalos de fala maiores e um apanhado geral mais eficaz (restituição mais fiel no idioma de destino) na hora de interpretar. Mas mesmo com falas maiores, a duplicação do tempo necessário continua sendo um sério prejuízo.

Por fim, a simultânea conta, e essa técnica não é novidade, com o relai, que permite a interação entre vários idiomas. Isto é, se alguém estiver falando inglês e que houver intérprete de francês e de inglês, será possível oferecer interpretações para o português e para o francês (1- o intérprete de inglês interpreta para o português e 2- o intérprete de francês escuta o português do intérprete de inglês e interpreta para o francês). Obviamente a consecutiva está completamente atrelada ao intérprete que a desempenha e portanto, presa aos idiomas que este domina. No exemplo que dei acima, seria preciso contar também com um intérprete francês-inglês (e nesse caso acabam sendo 3 intérpretes mobilizados, e não dois, como no caso da simultânea).

(com base na sugestão feita no comentário de Bob abaixo)

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6) Notas:

Por fim, gostaria de dizer uma palavra sobre a questão da tomada de notas, no caso da consecutiva. Interpretação consecutiva sem tomada de notas, e por mais que o profissional tenha uma memória de elefante, é garantia de serviço medíocre ou pior. Nesta modalidade, a tomada de notas representa muito mais do que simples lembrete daquilo que foi dito e terá que ser utilizado pelo intérprete: já é o esboço de redação do que será dito pelo intérprete. Isto é, aquele que toma notas já está se preocupando com a redação (formulação, exposição,…) da fala a traduzir, já enquanto é proferida. Bons tomadores de notas já articulam todos os conceitos e as relações entre si na folha de papel na qual tomam notas enquanto a pessoa a interpretar ainda está falando.

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Concluindo

Para concluir, mantenho o que já afirmei mais acima: há situações em que cada modalidade se aplica melhor. E muitas  dependem de condicionantes que não refletem necessariamente a expectativa ideal de trabalho, porque nem sempre o profissional contratado é o melhor, nem sempre o orador é ideal, nem sempre o orçamento é ilimitado para permitir a escolha da melhor opção (que não surpreendentemente pode ser a mais cara), nem sempre o contratante assimila todas as diferenças que evoquei aqui, ou pesa seu valor devidamente,… e esse é o mundo real.

No final de contas, todo projeto deve ser considerado pelo contratante e pelo responsável da interpretação (agência de interpretação, chefe de equipe de intérpretes,…) de forma a definir a escolha mais adequada para equacionar os fatores de custo, preferência, qualidade e tempo.

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AVISO:

Para fins de discussão, mencionei a “Lista de valores de referência praticados” publicada em 11/06/10 no site do Sindicato Nacional dos Tradutores -Sintra. O documento .pdf que pode ser obtido aqui com estas tarifas é um retrato (captura) da página na data mencionada, independente de futuras variações ou supressões nesta lista do Sintra. Em particular, não tenciono expressar nenhum posicionamento a favor ou contra o atual processo administrativo promovido pela SDE-MJ, tampouco acuso ou defendo o Sintra na polêmica em tela. Neste post, a versão atual da lista é tratada unicamente como um retrato indicativo da tendência de práticas/tarifas de mercado (e não como uma sugestão de preços a seguir, pois esta não é uma discussão sobre tarifas), que permitem reflexões de ordem comparativa entre diversas modalidades de serviços.

Por fim, vale dizer que as afirmações expressas aqui são todas opiniões pessoais que não correspondem necessariamente à percepção de outros colegas. Convido estes a comentar e dar suas opiniões a respeito através da sessão de comentários, o que enriquecerá certamente o debate.

3 Comentários para “Reflexão e discussão sobre as duas modalidades de interpretação: simultânea e consecutiva”

  1. Leonardo Milani disse:

    Olá Maíra,

    Obrigado pelo comentário.
    Jogando mais lenha na fogueira, tentaria pensar sobre sua esperança de que, digamos, compreender as diferenças entre as diferentes modalidades poderia fazer com que agências:

    veriam um aumento significativo na qualidade dos serviços prestados e estariam mais preparados justamente para fazer uma escolha adequada e persuadir o cliente da importância da mesma.

    (dixit Maíra)

    Olha … (longo suspiro)
    Pior que acho que o buraco é mais em baixo. Eu sinceramente acredito que a grandíssima maioria das agências tem uma boa noção do que é qualidade e de como isso deveria ser importante, mas ao contrário de você, penso que muitas delas não acreditam que isso possa trazer uma grande diferença comercial, por que (convenhamos) poucos clientes finais avaliam este fator, a qualidade, ou ao menos sabem o que é e que cara tem.
    A verdade me parece ser: um mercado (em particular, uma clientela) ainda extremamente desinformado (a), que compra interpretação como se fosse produto e não serviço, e daí mesmo um potecial imenso de vender qualquer coisa na praça com o nome de “intérprete” e não necessariamente um serviço onde qualidade e excelência podem fazer toda a diferença … até que aconteça um desastre, claro.
    O pior é que a baixa qualidade de uma interpretação não se faz notar até, sei lá, causar um incidente diplomático, ou algo desse nível. Aí sim, pedras no intérprete; mas antes disso, não. Parece até que a má qualidade só tem impactos dramáticos, pontuais e raros (logo, é um pequeno risco a correr para uma empresa). Sabemos que não é assim.

    Por isso, minha intenção com este post visa muito mais clientes, meus ou potenciais, ou até de outros profissionais, concorrentes ou colegas. Eu acho que se é possível mudar alguma coisa informando, é do lado do cliente e não da agência de intepretação. Por que este cliente sim, independente da bagunça que a agência quer fazer e de sua responsabilidade na hora que contrata profissionais, pode exigir desta que forneça um serviço de qualidade, se ao menos souber dizer o que diferencia um serviço de qualidade de um serviço sem qualidade.
    (e nós sabemos por onde passa tudo isso: informação, fidelizar o cliente, estabelecer contatos diretos, desmistificar nosso trabalho, fazer com que certificações e demais credenciais formais sejam valorizadas e passem a constituir critério diferencial de seleção, … enfim; só falta é tomar a iniciativa de formar e informar nosso cliente –dá trabalho extra, não diretamente remunerado, mas acredito que a longo prazo pode ter bons resultados sobre a saúde do mercado)
    Reitero para concluir esta parte: acredito em mudanças provenientes de clientes, não de agências, salvo poucas.

    Como abordar a questão com a empresa que te contrata quando geralemente ela já fechou a modalidade de tradução antes mesmo de te chamar para trabalhar no evento?

    Bem, Maíra. O ponto para mim é que o que a agência firmou com o cliente dela não te interessa. O que interessa é o acordo que você firmou com essa agência, e só. Se você combinou tudo por telefone e nem ao menos definiu quais coisas são permitidas e quais não são, bem, aí vale tudo, não é?
    Olha, nenhum profissional aceita de trabalhar naquilo que não sabe trabalhar, em condições que não são aquelas nas quais trabalha. Você não chama um eletricista na sua casa e aproveitando que está por lá, pergunta se ele podia dar uma olhada na torneira, porque sabe que levaria um desaforo na cara, merecido. Por que será que um intérprete de simultânea aceita de bom grado que em pleno evento as coisas mudem de surpresa e topa fazer uma consecutiva que não estava prevista? Por falta de firmeza profissional, não vejo outra explicação.

    Portanto (lá vamos nós de novo), é sobretudo uma questão de procedimento e firmeza profissional.
    Eu afirmo que se todos os profissionais assinassem sistematicamente termos que regessem os serviços que vão prestar e aplicassem à risca o que fosse combinado, não haveria mais problemas. E capaz que fosse também útil para as agências; embora estas, aí sim, ainda não pareem ter percebido isso.

    Na minha resposta, eu tentei diferenciar minhas intenções ao publicar este post, entre agências de tradução e clientes:
    -eu acho que as agências já sabem de tudo isso que estamos falando: qualidade, condições de trabalho, etc. etc. Não há mais nenhum trabalho de informação a realizar aí e seria perder tempo repetir isso a elas –Maíra, elas sabem. Agora é questão de negociação. E acredito que esta negociação passe por formalizar os vínculos profissionais e as condições de trabalho. Da nossa parte (intérpretes), tá faltando bastante firmeza e coragem na hora de dizer não ou “isso é assim e não assado”.
    -os clientes (finais e diretos), pelo contrário, têm pouco contato com o que qualifica nosso trabalho: poucos sabem como funciona um processo de interpretação e não têm nenhum contato com a experiência de trabalho do profissional que contratam. Muito menos ainda verificam que confiabilidade vem com este ou aquele profissional, quais recomendações o fizeram chegar ali, etc. Em suma, não há uma cultura destes clientes de valorizar os diferenciais e critéios que caracterizam um bom profissional. Eu acho que nós (intérpretes) temos parte de culpa nisso, pois em 12 anos de experiência, raramente observei alguma preocupação de fazer mais do que vender nosso serviço e ganhar nosso dinheiro (o que é, convenhamos, o estrito mínimo); e acho que deveríamos investir em informar nosso cliente, fazê-lo compreender que trabalho está contratando, visualizar que implicações podem resultar de uma interpretação boa ou ruim, orientando e reformulando a forma como soliicta serviços de interpretação, diretamente ou através de agências.
    Sinceramente, Maíra, acho que apesar de um mercado em plena ebulição em Brasília, muito pouco se fez nesta direção e quase todos os intérpretes do DF revelam um posicionamento profissional amador por não levar em consideração esta dimensão.
    E acho que estes clientes, eles sim, tem poder de negociação com as agências que intermediam nossos serviços. O dia que souberem o que cobrar delas.

    Grande abraço,

    MILANI

  2. Maíra machado disse:

    Milani,
    seu post contém informações extremamente úteis tanto para aqueles que estão contratando intérpretes quanto para a formação de intérpretes iniciantes que estejam buscando justamente saber a diferença entre as modalidades e o momento apropriado para utilizar cada uma.

    Já trabalhei em eventos onde a escolha inadequada da modalidade de tradução repercutiu negativamente no evento.

    Daí a importância de divulgarmos estas informações para intérpretes, para empresas de tradução, para os clientes públicos e privados. Obviamente, a conscientização de todos os parceiros envolvidos só teria a acrescentar. Pouparíamos nomes de intérpretes que foram indevidamente responsabilizados por decisões mal-tomandas quanto à modalidade de tradução. Em segundo lugar, as empresas de tradução veriam um aumento significativo na qualidade dos serviços prestados e estariam mais preparados justamente para fazer uma escolha adequada e persuadir o cliente da importância da mesma. Sem esquecer, que tal conscientização, nos ajudaria a cumprir nosso objetivo último: intermediar a comunicação e possibilitar um diálogo esclarecedor e fiel entre as partes.

    Cumprir tal meta é mais fácil, é claro, quando o intérprete está em contato direto com o cliente, o que infelizmente aínda é a realidade de uma minoria de intérpretes mais conhecidos.

    Já para os intérpretes que ainda não conquistaram tal popularidade,tal tarefa se torna um pouco mais complicada, pois geralmente trabalham para empresas de tradução e não têm contato direto com o cliente. Como abordar a questão com a empresa que te contrata quando geralemente ela já fechou a modalidade de tradução antes mesmo de te chamar para trabalhar no evento?

    Talvez a única maneira seja estimular o diálogo entre intérpretes e empresas de interpretação.Ou seja, dar este feedback(com bastante tato) à empresa e estar disposto a ouvir para melhor compreender porque aquilo aconteceu.
    Sei bem que este diálogo nem sempre é fácil, pois nossa própria condição de “freelancers” atrapalha um pouco a criação de elos entre empresas e intérpretes. Muitos intérpretes recebem emails comunicando a confirmação de um evento e só vão à empresa para buscar o pagamento e olhe lá! Estou aberta a sugestões de como poderíamos auxiliar na escolha certa.

    Abraços,

    Maíra Machado

  3. Bob disse:

    Ótimo post Milani! Acho mais que louvável seu compromisso com ser o mais completo e abrangente possível sempre que se propõe a elucidar algo (ainda mais em tempos em que tão levianamente se sacrifica completude por conveniência). Sempre bom te ler cara!

    Acredito ser importante que as pessoas de alguma forma envolvidas na nossa área (contratantes de evento, agências e profissionais da área, principalmente mas não exclusivamente) tenham algum nível de entendimento (mesmo que em diferentes níveis) do que você delineou aqui. Os clientes iniciais me parecem estar mais aquém do nível de conhecimento que seria considerado razoavel/apropriado, alem de benéfico (mantidas as proporções, obviamente), do “modus operandi” do que fazemos que os outros atores envolvidos, e talvez fosse interessante voltar a pensar (digo “voltar” porque isto já foi discutido em outros locais/ocasiões) em formas não-intrusivas de se alcançar um entendimento melhor por parte destes. 

    Acho que uma questão muito importante que você levantou aqui (e da qual eu não vejo se falar tanto quanto outras)  é a da habilidade/necessidade/arte de tomar notas. Embora a necessidade de se fazer interpretação consecutiva de longos trechos falados seja algo bem menos comumente presente no microcosmo do nosso mercado mais interno de Brasilia, não consigo deixar de perceber que essa é uma área para a qual mais treinamento seria absurdamente bem-vindo (tão bem-vindo quanto difícil de encontrar, pelo que eu percebo aqui em BsB).

    No que tange a completude que eu mencionei ali em cima, talvez fosse também interessante abordar a questão do relay, que vantagens e desvantagens ele apresenta, etc.

    Novamente, parabéns pelo excelente post!

    Abração

    Bob


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